sábado, maio 04, 2002

Meu pai ridículo trancou o quarto podre do micro hoje de manhã. O retardado sempre faz isso. Ele sabe que eu vou me irritar, sabe que não adianta nada e sempre faz isso, como se fosse a solução pra alguma coisa. Como sempre, tive que me estressar pra ele abrir. Ele acabou dando a chave, e resolvi ficar com ela pro palhaço parar de trancar. Obviamente, ele veio atrás da tal chave. Como ele não tem palavra, não adianta ele dizer que não vai mais trancar porque sei que isso é mentira.

Ele deveria saber que eu dependo do micro pra estudar, pra trabalhar e pra tudo. E quer me privar disso, que já me fez falta durante duas décadas. Acha que isso é justo?
Pois é, o covarde veio me AGREDIR aqui no micro agora. Dessa vez a agressão dele partiu pra física, pois a psicológica e emocional me atordoam o tempo todo.
Ele gosta de me humilhar, de me deixar bem mal. Nem sempre ele consegue, pois eu já acostumei com isso. Mas por que será que ele não consegue me ver numa boa? Acho que pelo fato de eu estar bem, estar na minha, sem perturbar ninguém, acaba incomodando ele, pois a minha tristeza parece alegrá-lo.
Ele disse a mim que o amor dele vai virar ódio. Pois bem, eu disse a ele que então isso seria impossível, pois ele nunca soube amar a ninguém. Ele nunca soube o significado dessa palavra. No máximo ele se afeiçoa doentiamente aos objetos (isso mesmo, bens materiais) obsoletos dele.
Ele veio ameaçar quebrar um cd, pois bem, arremesei uma caixinha de cd (com o cd) no chão. Não sei onde fui me cortar durante esses minutos patéticos, mas cortei meu dedo e está ardendo muito...

Ele não me ama, apenas aprendeu a conviver comigo, por obrigação e comodismo. Ou, se isso é amor, ao modo dele, pra mim não serve de nada, pois não chega até mim.

Pois bem, se ele quer destruir um cd, que destrua, não me fará a menor falta. Que se fodam os bens materiais! Não é isso que alimenta o meu espírito!
Foda-se ele! Do jeito que as coisas estão, acho que eu estou mais propensa a morrer de enfarte qualquer dia, por stress, com a minha idade, do que ele aos 65 anos de idade. Idade a dele muito mal vivida por sinal.
Eu sempre fico imaginando qual dos dois vai morrer primeiro. Esqueço dos meus planos para o futuro, esqueço minha possível carreira de sucesso, minha vida brilhante que planejei para daqui a alguns anos. Simplesmente porque ele inviabiliza tudo isso com a existência dele.
Ele faz de tudo pra arrumar meios de me deixar muito mal. Que cretino!!!!

Se alguém passasse uma semana aqui em casa no meu lugar, em 2 dias chegaria à conclusão de que meu pai é insano. Ou é normal uma pessoa que tem nojo da própria filha, que não usa o telefone que outras pessoas colocaram a orelha pra não pegar germes? É normal uma pessoa que pensa que sustentar um filho é só enfiar comida na boca e pronto? É normal uma pessoa que se julga superior a Deus e a todos no universo mas que no entanto só vive de fracassos e derrotas?
É normal alguém que se empenha em tirar as oportunidades alheias? Ele quer me ver mal. Pois bem... se eu tivesse pra onde ir, já teria ido...
Ahh... se não fosse esse maldito vício dos computadores... já teria ido pra bem longe daqui, mesmo que fosse pra viver de esmolas, debaixo da ponte.

Minhas poucas expectativas quanto a ele há muito tempo já se evaporaram. Eu não confio nele. Eu não posso confiar no meu pai. E minha mãe, nem está por perto. Aliás, ela nunca esteve presente nas horas em que mais precisei tbém. Meu crescimento, todo o meu aprendizado, minha vida, foram sempre aos trancos e barrancos, comendo os frutos amargos que meus pais plantaram pra eles.
Nem por isso eu desisti. Nem sei como cheguei aqui, foi muito difícil, sofri demais. Porém, sempre me apoiei na idéia de que os meus sofrimentos nunca são os piores do mundo, porque sempre terá alguém passando por maiores dificuldades do que eu. Toda dor é sofrível, não sei se algo dói menos porque as condições são piores pra um e pra outro não. Cada um sofre a seu modo, e isso não é algo que seja bom de vivenciar.
Mas talvez seja importante para alguma coisa. Quem sabe para nos fazer amadurecer, para nos fazer ver as coisas com outro ponto de vista... e nos fazer dar valor ao que merece ter seu valor reconhecido. Não a essas merdas de bens materiais, porque tudo isso é passageiro.
Muitas pessoas precisam passar pelo amargo gosto de ver sua vida escorrendo pelo ralo para dar valor ao que estão perdendo. Batem o carro no poste para aprender a renascer e ver que a vida merece ser valorizada.

Pois bem, eu já aprendi tudo isso. E por que ainda continuo sofrendo? Será que já não foi o bastante o que passei até hoje?
Não é fácil...
Quem não sabe governar sua própria vida não pode e não deve tentar viver a vida dos outros, nem tentar controlar a vida dos filhos, pois se eles mal se educaram, como podem educar alguém? O que eu sou hoje, devo tudo aos meus sofrimentos, às minhas experiências que me incomodam em minhas lembranças e às minhas expectativas quanto ao que estar por vir, que poderá não ser tão ruim... Eu quero viver, quero ser feliz também. Porque quando eu não estou sendo atormentada por alguma coisa desse tipo, até consigo ser feliz. Acreditem ou não. Só pelo motivo de não ter nada me aborrecendo, nada pra me entristecer já me deixa muito feliz.

Quando falamos de infância, a maioria das pessoas lembra-se de coisas felizes. Eu também, mas inevitavelmente, lembro de coisas ruins. Lembro das marcas roxas nas pernas das cinturadas da minha mãe, lembro que não via meu pai o dia todo, só aos fins de semana, lembro das humilhações que via minha mãe passar.
Não os culpo de nada. Cada um é de um jeito. E não posso tentar mudar isso, porque a mente dessas pessoas não é flexível como a minha sempre foi.

Eles não viram a desgraça que eu já vi quando cheguei ao fundo do poço, por isso eles não podem ao menos tentar me compreender.
E mesmo se pudessem, acho que não querem fazer isso. Pois estão de tal modo envolvidos com suas mediocridades da vida mundana, dos valores materiais, que esquecem que um gesto de carinho vale muito, mas que uma agressão fica marcada para sempre na lembrança de quem sofre.
É uma pena....

É uma pena que tudo tenha que ser desse modo... meus potenciais de nada valem se me tiram todo o entusiasmo de viver e de vencer. É... tá bem difícil...
Preciso arrumar um estágio com urgência e arrumar um muquifo pra me enfiar, desses que alugam cama, qualquer merda. Porque vai ser mais digno que continuar por aqui.
Maldito vício dos computadores... ele que me segura aqui. Pois não posso deixar de escrever... e gosto desse meio de comunicação. Não preciso mostrar meu rosto, muitas vezes inchado de tantas lágrimas que vão escorrendo e molhando minha blusa (e o teclado).

Claro que se meu pai me visse chorando sobre o teclado, a primeira preocupação dele seria quanto à integridade do teclado e não com meus sentimentos. Que merda.
Vou morrer tentando entender o porquê de tudo isso. Mas deixa pra lá.
Olha só, meu dedo até parou de arder. Ótimo! As coisas já estão começando a melhorar... viu?! ;-) Hehehe!


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