Minha vida não é cor de rosa.

O que eu já fiz:

Usei drogas lícitas e não lícitas. Fiz sexo sem amar alguém. Fiz merda. Caguei na calça. Mijei no meio da rua. Tive coma alcóolico com 15 anos. Roubei. Fui infeliz. Fui feliz. E continuo sendo. Ouvi Menudos quando criança. Pensei em me matar inúmeras vezes. Fiz pessoas felizes. Fiz pessoas chorarem. Bati o telefone na cara. Sofri sozinha a depressão. Superei tudo e fui ajudar os outros. Fui amada. Fui odiada. Já chorei oceanos. E já ri muito também. Já tive raiva. Já me envergonhei do que fiz. Já menti muito. Traí também. Parei de fumar. Fiz xixi na piscina. Parei de estudar. Desisti de muitas coisas várias vezes. Fui líder de equipe diversas vezes. Me senti o máximo. Me senti o mínimo. Já comi o macarrão dos Smurfs. Já fiz campeonado de cuspe à distância e me diverti horrores. Já fui beijada por uma lésbica e gostei. Já tive muito medo. Já escrevi quilômetros de merdas como esta. Já me arrependi de escrever merdas como agora. Já tomei remédio tarja preta. Já tomei litros de antibiótico porque tive bronquite. Catapora, rinite, sinusite. Só. Já joguei Street Fighter até ficar com bolha no dedo. Engoli a bolinha do piercing. Já fui traída. Já pintei parede. Já fui humilhada e já fui esquecida. Já dei graças a Deus por não ter passado por coisas piores. E já comi chocolate até ter caganeira. Deixei de acreditar nas pessoas. E confiei no Papai Noel. Mandei São Pedro se foder. Tive vergonha das pessoas. Tive muita vergonha dos meus pais. E ainda tenho. Mas por alguns segundos me orgulhei deles. Já comi até vomitar. Já fui sarcástica até não dar mais. E gosto disso. Já vi vários filmes pornôs. E ri muito. Achei lindo a produção em série do cocô com milho. Já falei de boca cheia de paçoca só pra voar farofa. Já tive queimaduras solares graves. Assisti ao programa Silvio Santos no domingo em família comendo frango assado com farofa. Já fui pra Taubaté e Pindamonhangaba. Já pisei na merda. Mas agora eu tenho radar. Já usei Linux e FreeBSD e dei oi pro BeOS. Fui em show de rock. Dancei. Apesar de não ter a menor coordenação pra isso. Já fui muito zoada na escola. E já zoei também. Já comi chiclete vendo a Gretchen rebolando na TV. Perdi váááários neurônios assim. Andei de pônei e charretinha. E isto é bizarro. Já me procuraram no IML enquanto eu estava dormindo quase 3 dias seguidos fora de casa por conta do porre (e não foram meus pais). Já fiquei de recuperação de verão em educação física por faltas e tive que estar na aula às 6 da manhã e quis morrer. Já tirei 10 em muitas provas. Já joguei ovo podre da janela. Já parei de chorar e agora estou rindo. Já assisti novela mexicana (A Usurpadora). E vi a reprise depois. Assisti Pantanal e Ana Raio e Zé Trovão na extinta TV Manchete do primeiro ao último capítulo. Já pixei o muro. E já corri do segurança. E no caminho perdi o bico do spray. Como alguém pode pixar o muro da esquina onde mora? Já fui Hare Krishna aos 13 anos e vendi incenso no ônibus. Meu pai "adorava" (ele é judeu)... Já caguei no mato e esqueci de levar o papel higiênico. Tenho cáries.

O que eu não fiz:

Nunca matei. E nem pretendo, embora sinta vontade às vezes. Nunca saí do Brasil. Não passei na Fuvest ainda. Não fiz depilação esse mês. Não fiz um monte de coisas que prometi. Não li metade dos livros que gostaria. Nunca quebrei nenhum osso. Nunca tive vídeo-game (game boy não conta). Não tomei absinto ainda e nem tomei LSD, embora já tive oportunidade (do LSD). Nunca dei o rabo e nem quero. Nunca fui educada de verdade. Se fui, estava fingindo, ou foi uma coisa temporária. Nunca esbanjei dinheiro. Nunca usei QNX. Nem Grecin 2000. Não peguei um bolo de dinheiro no chão da rua quando criança. E me arrependo até hoje. Nunca fiz sexo bizarro e nem pretendo. Nunca vi gnomos. Nunca vi duendes. Tampouco seres lendários como ornitorrincos ou apresentadores de talk-shows. Nunca fui ao Parque da Mônica. Nunca consegui bater em ninguém até nocautear. Não explodi uma bomba nuclear ainda. Talvez engarrafando peidos um dia eu consiga. Não assisti Carrossel, mas sei quem é o Cirilo e a Maria Joaquina (de Amaral Pereira Góes, você "contribóe" para o meu viver). Ainda não cheirei cola. Ainda não emagreci. Ainda não tenho dinheiro pra nada.

E por enquanto é só.