Quem andou mudando também foi a Juliana e o Leiteiro (mudancinha sutil).
O Maggi tá de banner em flash novo e o Metil conta com uma barrinha de links agora (que só funciona com IExploder). Que eu me lembre agora, é isso.
Ah!!! E o blog da Clarah também (no aniversário de um aninho do blog).
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A imagem no espelho
Aos 20 anos escreveu suas memórias. Daí por diante é que começou a viver. Justificava-se:
- Se eu deixar para escrever minhas memórias quando tiver 70 anos, vou esquecer muita coisa e mentir demais. Redigindo-as logo de saída, serão mais fiéis e terão a graça das coisas verdes.
O que viveu depois disto não foi precisamente o que constava do livro, embora ele se esforçasse por viver o contado, não recuando nem diante de coisas desabonadoras. Mas os fatos nem sempre correspondiam ao texto e, para ser franco, direi que muitas vezes o contradiziam.
Querendo ser honesto, pensou em retificar as memórias à proporção que a vida as contrariava. Mas isto seria falsificação do que honestamente pretendera (ou imaginara) devesse ser a sua vida. Ele não tinha fantasiado coisa alguma. Pusera no papel o que lhe parecia próprio de acontecer. Se não tivesse acontecido, era certamente traição da vida, não dele.
Em paz com a consciência, ignorou a versão do real, oposta ao real prefigurado. Seu livro foi adotado nos colégios, e todos reconheceram que aquele era o único livro de memórias totalmente verdadeiro. Os espelhos não mentem.
(Carlos Drummond de Andrade)
Gostei muito deste texto. Encontrei ele folheando um livro de gramática no banheiro. Interessante a idéia de fazer um livro de memórias sem que antes as tenha vivido. Apesar de escrever coisas com as quais se imagina vivendo, ou pretendendo viver, é difícil prever o futuro, e dizer "eu nunca farei isso" pode ser algo contraditório. Apesar de a vida contrariar essas memórias e querer contradizer tais fatos, é interessante que seja reconhecido como tão verdadeiras estas lembranças, pois como Drummond cita em seu texto, "os espelhos não mentem". E o que são as nossas intenções e sonhos senão espelhos de nossa verdadeira personalidade e nosso ego?
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