Diarinho querido, ontem meu dia foi razoável... foi bom, até.
Tirando a parte em que eu não tinha roupas decentes pra vestir e tive que ir com uma roupa jurássica do armário e a jaqueta-de-brechó-rasgada-de-5-reais-comprada-há-mais-de-5-anos-atrás.
Fui pra aula atrasadésima, pois não tinha roupas pra vestir e por mais que eu vasculhasse o armário à procura de algo apresentável, só encontrava entulho. Vou queimar minhas roupas velhas. Vou botar fogo no armário. Antes vou enfiar meu pai dentro dele e jogar gasolina.
Eu estava tão atrasada para ir pra aula da Cisco (onde não admitem atrasos superiores a 10 minutos), que tive que apelar com o dinheiro de devolver a fita na locadora e fui de táxi, senão não chegaria a tempo. Ainda bem que o motorista (que estava fedendo grotescamente, o paraguaio) acelerou bem, tirando várias finas em outros carros. Hehehe!
Chegando na aula, quase esqueço de assinar a folha de chamada... A novidade é que, a Cisco está fazendo uma restrição orçamentária "adorável". Demitiram os instrutores ruins e, apenas o meu instrutor permaneceu. Além desta maravilha inigualável, os órfãos das outras turmas agora também terão aulas com o meu instrutor! 3 salas de aula e 1 instrutor revezando entre elas. E, pra gastar menos ainda, colocaram dois estagiários do CIEE para monitorar as salas enquanto o instrutor não está por perto.
Segundo o Clayton, meu amigo que agora voltou a ter aulas na segunda também, a monitora bonitinha que eles botaram não soube nem responder uma dúvida básica, dúvida que, o Alex, seu colega de sala, respondeu sem hesitar. Aí que está o problema: a garota deveria saber, pois já concluiu o CCNA, (pela mesma academy) e logo estará prestando a prova de certificação.
Enfim, grande bosta. Se ela não sabe, melhor pra mim, afinal, ela não deixa de ser uma concorrente.
Pelo menos eles botaram ar condicionado nas salas de aula. Já é um bom começo...
Eu e o Rogério, como sempre, abordamos temas de interesse coletivo em sala de aula, como fezes e filmes pornôs.
Depois da aula, fui pra outra aula. Desci na Brigadeiro com a Paulista, e fui andando até a Cásper. Uma chuva resolveu cair sobre minha cabeça cabeluda e cheguei molhada e de tênis furado, estrebuchando, na faculdade. Fui ao banheiro, fiz xixi, conversei com o professor de educação física, que faz mestrado lá na Cásper também. Resolvi que seria uma boa idéia usar os micros do laboratório. Mas, como sempre, a secretária ultra "simpática" disse que não tem as senhas dos alunos ainda, mas que as fornecerão em sala de aula. Ela disse a mesma coisa na primeira semana. Morra. Pra enviar o boleto bancário até que foram bem eficientes... impressionante, não?
Pra fornecer uma simples senha de acesso ao terminal, ficam de putaria. Sem contar a quadra de educação física, caindo aos pedaços, sem colchonetes para todos os alunos. Mas cobram integralmente, apesar dos recursos não serem integrais. Putos!
Aí, fui pra biblioteca. Os corredores da Cásper parecem labirintos à primeira impressão. Depois que você olha pela segunda vez, você passa a ter certeza.
A biblioteca me pareceu um lugar muito acolhedor e interessante. Eu sempre acho isso, por que será? O único problema, é que não tinha o livro de que preciso. E eu deveria ter lido o primeiro capítulo pra hoje. Deus do céu, me arruma um emprego, vai? Deixa de ser chato, véio! Quero algo fixo, com boa remuneração, pra que eu possa comprar meus livros, sim? Obrigada. Não estou pedindo muito, perceba. Aproveita enquanto eu não te peço uma viagem pro Hawai, um carro importado novo e as barras de ouro do Show do Milhão que eu vi na TV uma vez. Meus sonhos até que são bem singelos nessa época de crise.
E por falar em crise, eu vivo em crise, e isso já está ficando chato.
Meu colega, o Fernando, me achou muito desanimada pra minha idade (e riu olhando pra minha cara, ao ouvir a palavra "crise" na aula de história. Referiam-se a crises pessoais como exemplo de alguma teoria qualquer. Riu como quem diz: "crise é contigo mesmo, hein?"). Mas é claro! Vivendo num mundo super "receptivo" e "acolhedor" como este em que vivemos, em que ter um bom popô rebolante é mais rentável que inteligência, não poderia estar sorrindo. Eu já não tenho mais ilusões quanto ao ser humano. Apesar de, em essência ser uma pessoa otimista, já não espero coisas boas vindas das pessoas. Sempre espero o pior, pra não me decepcionar. Odeio me decepcionar. E isso sempre acontece.
É uma forma de negativismo? Não restam dúvidas. Mas eu costumo encarar isso como realismo mesmo. A realidade não é um algodão doce cor de rosa e fofinho. A minha, pelo menos, está mais perto de ser um lagarto asqueroso e mutante. Por ser mutante, ainda é bom meu lagarto-realidade. Mas é foda, sei que deveria ter sonhos utópicos, esperança e vontade de mudar o mundo, como todo jovem da minha faixa etária, mas, tudo em que penso é sair dessa merda de lugar, ter minha vida, meu emprego, meu salário, ter a dignidade de fazer depilação todo mês, fazer as unhas e comprar umas roupinhas, sabe? Coisas que são tão comuns pros mortais, mas que estão completamente distantes da minha realidade atual. Acho que a miséria é a grande bosta fedorenta do mundo. E a ignorância coletiva, idem.
Sei lá, sei que pareço umbiguista demais e, realmente estou sendo. Porque afinal, se eu não pensar em mim, quem o fará? É como aquela mensagem de auto-ajuda que meu pai cola no calendário: "Se eu não for por mim, quem será? Se eu for só por mim, quem sou? Se não agora, quando?". E assim, questiono-me se eu não estou sendo egoísta demais em pensar deste modo, e me julgo imbecil, como uma forma de auto-punição pela minha falta de sensibilidade com os problemas do mundo. Mas não é bem isso. Eu me importo sim, com as misérias e desgraças coletivas. Não me sinto bem com as disparidades sociais. Me incomodam e me deixam com uma insuportável sensação de impotência. Mas o que posso fazer agora? Se ainda tento achar a resposta para as minhas dúvidas mais básicas, se mal tenho como responder minhas próprias dúvidas existenciais, se mal sei o que fazer daqui pra frente? Estou em uma fase muito confusa da minha vida, onde o desconhecido (que chamamos de futuro) é algo que me assusta muito. Mas como blogs são coisas pessoais, trato de discutir minha vida mesmo, meu individualismo bobo, esperando ter uma vida com mais esperanças, com novos sonhos e ideais, novas perspectivas. Depois eu trato de discutir sobre a fome na Nigéria ou a guerra iminente que está cada vez mais próxima de se concretizar (espero estar errada). O homem é ignorante. Ele constrói, mas quando destrói, é pra valer. Burros.
Por isso eu digo, depositem seus dinheiros em minha conta corrente, ok? Aí eu paro de manifestar minhas crises existenciais pseudo-intelectualóides-alcalóides-debilóides. Obrigada, volte sempre.
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