Quarta-feira acordei com minha mãe depositando uma coisinha miante em minha cama. Acordei meio assustada e mal pude acreditar no que estava alí presente, dormindo ao meu lado. Ele chegou miando baixinho, com os olhinhos vermelhos, infeccionados. Em dois segundos corri pro banho, me vesti num piscar de olhos e levei ele no veterinário.
Ele recomendou dois remédios pra cuidar do pequeno, tirou a temperatura (tadim!) e revistou o gatinho de cima a baixo. Trouxe ele pra casa e comecei a cuidar dele.
A princípio estava preocupada em fazer ele comer, porque ele parecia fraquinho e assustado, além de doentinho, espirrando.
Levei ele na casa da madrinha, que comprou o colírio pra ele e tia Ani me ajudou a catar as pulgas do bichano. Foram mais de 20, grandes e safadas.
Depois de tomar o remedinho e se livrar das pulgas malditas ele dormiu na caixinha dele, protegido pelo cobertorzinho que ganhou da tia Ani e outro costurado pela tia Flávia e ficou tranqüilo quietinho.
Meu principal medo era meu pai. Meu pai nunca gostou de gatos, de bichos em geral. Mais por medo e ignorância que outra coisa. Ele, que sempre viveu cercado pelo medo e pelas doenças (existentes ou não), não admitiria que bactérias assassinas transitassem livremente pelo ar sugado pelo seu enorme nariz.
Tanto foi que ele mal encostou no gato até agora, mas já começou a se adaptar à idéia de ter uma pequena companhia, que mia, brinca pela casa e dorme como um anjinho.
Não tem como resistir a essa carinha meiga de gatinho.
Ele é amarelinho como o Garfield. Parece um tigrinho.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
E desde que chegou, parece que já mudou tudo nesta casa, trazendo muita alegria consigo.
Hoje é seu terceiro dia aqui conosco, e felizmente ele já parece melhor.
Ele ainda não está se alimentando sozinho, nem toca na comidinha.
Fui obrigada a dar leite na boca dele, pra que ele não fique fraquinho e possa sarar logo. Dei os remedinhos e a infecção já está desaparecendo, e também já está espirrando menos. Hoje acordou saltitante e foi assustar meu pai com as brincadeiras dele. (Meu pai morre de medo de ser arranhado, mordido ou qualquer outra coisa assim; é um bobo.) Escala a caixa de papelão, faz bagunça no jornal, escala a parede e pula a madeirinha de apoio da cadeira. Depois corre pra perto da gente. E quando se cansa, volta pra caminha e dorme feito um anjinho.
Na primeira noite em que deixei ele sozinho na cozinha dormindo na caminha dele, fiquei aflitíssima, ouvindo miados da minha imaginação, apavorada com a possibilidade dele miar a noite toda, ou precisar de algo e eu não estar por perto, como uma mãe aflita com o bebê recém-nascido. Tive que tomar um ansiolítico pra poder dormir, cheia de dúvidas, medos e paranóias. Quando vi que ele estava bem no dia seguinte, pude ficar mais tranqüila e dormir bem.
Nunca pensei que esse sonho se concretizaria. E ainda por cima sem meu pai fazer um estardalhaço contra o pimpolho, que ora dorme em meu colo, enquanto estou no computador, ora dorme na caminha, ora brinca ou se esconde debaixo do sofá.
Estou felicíssima, curtindo minha "maternidade" felina deslumbrada com cada passo e tropeço do pequeno gatinho. Agora preciso me decidir pelo nome, mas minha única pressa é para que ele fique totalmente curado e forte o mais breve possível.
Amém.
E miaus.
Prrrrrrrrrrrr...
Ele ronrona no meu colo quando se sente protegido.
Prrrrrrrrrrrrrrrrrrrr...
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