Post de segunda-feira entrando atrasado.
Querido diário,
Se eu te contar que ontem saí e fui num baile de carnaval, você me perdôa? Eu sei que parece uma piada de mau gosto, que eu sou rabugenta e essas manifestações populares de gosto duvidoso não fazem parte do meu cotidiano, nem sob tortura. Não queria decepcionar você, querido diário. Juro que meu bom gosto e rabugice não foram afetados. Mas confesso, eu fui influenciada pelos pedidos choramingantes da minha amiga para que a acompanhasse e acabei cedendo, o que, definitivamente, não é do meu feitio.
Se alguém perguntar, negarei até a morte.
Mas a verdade é que eu fui com a Marcela lá na "portuguesa" e tinha um baile de carnaval fedorento. Me senti um peixe fora d'água, é claro. E tive que me comunicar com seres primitivos que vieram me aborrecer (morram). Usei as respostas-padrão para afastar criaturas escrotas: "Compre um espelho. / Não falo com criaturas estranhas. Você é definitivamente uma coisa estranha. Será você de uma espécie de primata em extinção? De qualquer forma, suma daquê. / Não vai dar, estou com minha namoradA (essa foi a melhor, rendeu expressões de espanto). / Não gosto de gente burra. / Fale com alguém de sua espécie. / Você fede. Vá embora."
E foi isso.
Aproveitei e fiz uma análise-antropológica-estereótipa-androfágica do momento, observando os (nem tão) distintos exemplares de mamíferos da espécie homo erectus acéfalus que compartilhavam de tais rituais de "balangamento-frenético-de-rabo".
Nota-se o desespero das fêmeas da espécie, cuja única intenção, ao dirigir-se para tal evento, é o de efetuar a cópula com algum macho da espécie. Assim como outros animais, a fêmea balança seu rabo cheio de purpurina e tenta atrair o macho, usando-se de certos artifícios, como usar roupas insinuantes e uma pitada (ou uma boa colherada) de vulgaridade, maquiagem e laquê barato. Mostram-se peitos, bundas, celulites e axilas. O macho da espécie, atraído pela oferta de sexo barato, adentra o salão em busca do filet mais apetitoso. Embora não haja sempre uma fêmea adequada às suas expectativas surrealistas, o macho da espécie segue em busca de um rabo, seja ele bonito ou não, apenas pelo instinto de possuir um rabo em suas mãos cabeludas. Ou algo parecido. Parecem recém saídos de uma profunda hibernação, pois como o sexo é apenas uma coisa de que eles ouviram falar e, seus hormônios ebulindo em ritmo de sons tribais curiosos estimulam tal atitude, parece que saem em busca deste sonho utópico, imaginando ser aquela a noite de realização suprema, quando poderão deixar a "punheta-olhando-a-playboy", para algo mais concreto. Ou não.
Batucadas-ziriguidum-balacobaco-telecoteco-axé-babá-ilê-aiê-babalaô-mizinfízicas cativam os seres, em nossa seríssima análise comportamental, a prosseguirem com tal espetáculo de sangue-suor-e-cerveja-em-copinho-plástico-e-meia-calça-desfiada. É impressionante. Realmente chocante. Os sons que provém do palco, onde batucam-rebolam-e-emitem-grunhidos-ao-microfone, é deveras perturbador. É um som nauseabundo, abundante, que estimula as bundas dos bundolinizados seres nesta lavagem cerebral em massa. Digno de um episódio no Discovery Channel.
Quando a ânsia de vômito não dava mais para ser suportada, fomos embora, triunfantes com as anotações feitas e com o nariz corroído pelo cheiro de suvaco. Emocionante.
Pelo menos deu pra botar as fofocas em dia. =o)
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