terça-feira, janeiro 21, 2003

Estou sem o que escrever hoje. (Sem idéia pra primeira palavra. Depois de botar a primeira, as seguintes vão fluindo. Escrever nunca foi problema, não será um impecilho logo agora.)
Passei o dia ouvindo música, Beethoven enquanto chovia.
Dei uns berros com meu pai agora, mas fiquei me sentindo mal, por ser meio sem motivos (motivos existem, mas hoje ele está mansinho) e acho que vou pedir desculpas. O problema é que não adianta o quanto ele queira "ajudar", ele só atrapalha. Ele não se encaixa neste mundo, portanto, é melhor que fique quietinho no mundinho autista dele. Pra que se preocupar em dizer alguma coisa se tudo será ignorado e esquecido em 5 minutos?
Perda de tempo...

O que eu realmente preciso é de autonomia financeira, o suficiente para que possa sair de casa logo e ter minha vida, independente das esmolas paternas. Esmolas não somente financeiras. Não preciso de esmolas, não sou uma coitadinha. Por isso mesmo, preciso por minhas forças em alguma coisa que me traga benefícios neste aspecto. E quero poder passar o resto da minha vida ao lado do meu amor. Não me importo se não der certo. Por enquanto tudo está bom. Façamos nossas tentativas então. Pior seria ficar em casa, esperando o mundo girar, o pão mofar, tudo se estagnar, e assistir ao seu final decadente, sem ter feito absolutamente nada.

Preciso mudar minha vida. Sou jovem, mas me sinto uma velha imbecil em alguns aspectos. Muito já me foi tirado da natureza audaciosa e já tentaram injetar medos e travas de segurança em minhas veias. Quando jovens, não temos medo de arriscar, não temos medo de viver. Mas vamos ficando velhos e tão cretinos quanto nossos pais. Velhos, medrosos, cheios de "nãos" incutidos pela sociedade coronelista. Não quero ser uma velha ranzinza. Não quero saber se há riscos de quebrar a cara ou de não dar certo. E no entanto, é sempre no que acabo pensando em primeiro lugar.

Me botaram medo. O medo que não tinha antes. De dar sempre o primeiro passo. Eu não me sinto pronta para o primeiro passo.
Posso saber exatamente como fazer, tenho planos estrategicamente elaborados, porém, me fazem sempre parar à beira do abismo que terei que pular. E não dou o primeiro passo. Recuo. Foda. Foda. Mil vezes foda.
Cansei de recuar. Cansei de ouvir sempre a mesma ladainha. Foda-se o mundo.
Preciso viver. Não me podem tirar este direito. E vou fazer o que bem entender. Foda-se.

Preciso ir embora daqui. Só preciso de um aptozinho, pode ser dividido com alguém. Em um lugar onde não me privem do acesso à internet, porque senão eu morro. Nem me importo de ficar sem comer ou tomar banho. Só não fico sem computador. O resto, é resto.

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