quarta-feira, julho 28, 2004

Férias frustradas sem fusca.

Tenho um monte de coisas pra fazer e meu pai não dá sossego. Preciso encontrar alguma atividade voltada à terceira idade em algum clube ou qualquer coisa do gênero e inscrevê-lo em todas as coisas possíveis pra ver se ele sai um pouco de casa e para de fazer merda.
Ele tá furando alguma coisa lá dentro e eu não pretendo nem saber o que é, pois sei que com certeza vou me irritar muito, então vou adiar minha irritação de hoje.
O remédio que estou tomando (e hoje tomei atrasado porque me distraí aqui) está surtindo efeito e o positivo disso é que eu já não me aborreço tanto quanto antes. Já faz mais de duas semanas que eu nem ao menos choro e considero isso bom, porque eu já cansei de chorar por pouca merda.
Meu pai é pouca merda, mas daquelas muito incômodas, que grudam na sola do sapato e te deixam fedendo como um cemitério onde os corpos se reviraram e emergiram à camada mais superficial do solo, onde apodrecem rodeadas de urubus. E você fica com aquele fedor nojento que te faz vomitar e trava o cérebro. Mas no fundo, você sabe que é só cocô. E eu tenho que limpar a minha sola definitivamente. Cansei, sabe? Já não tenho mais paciência de pisar no cocô todos os dias.

Falar com meu pai é irritante e idiota, porque ele não ouve e começa a gritar automaticamente, porque sabe que irá ouvir uma provável recriminação pelas suas patetices. Hoje ele resolveu fazer alguma merda com o caninho de plástico do chuveirinho do banheiro. Usou cola de sapateiro, pedaços de plástico e fita isolante, pra remendar um pedaço de caninho de plástico em outro, como um bom retardado que é. Em casa nada é definitivo ou esteticamente agradável, já que remendar é a solução de quem não abre a mão nem pra dar tchau.
Meu pai tá gagá e, por mais que eu quisesse não ligar pra isso, eu ligo, porque me incomoda diretamente, me atrapalha bastante.

É como se toda aquela sua essência que te faz ter ser alguém interessante e que te faz de vez em quando dizer ou escrever ou fazer algo genial, fosse trancada num porão escuro e sombrio, frio, úmido e cheio de mofo e ratos. Meu pai faz isso comigo. Sei que não posso ficar jogando a culpa de eu ser uma bunda-mole em ninguém além de mim mesma, e é algo que eu odeio no meu pai inclusive, essa mania de não assumir sua responsabilidade pelo que se tornou e pelo que se conquistou ou não. Pois eu odeio essa postura bunda-mole de ser e eu odeio quando percebo que estou sendo assim também em certos momentos. Pois eu não posso ficar só reclamando, isso é óbvio, mas escrever aqui é o primeiro passo pra não assassinar ninguém, já que é terapia barata e minha próxima consulta no psiquiatra é só no dia 4 de agosto.

Tenho que botar esse computador no meu quarto pra ter mais sossego quando quiser fazer alguma coisa seriamente. Meu pai fica fazendo idiotices o dia todo e sempre vai onde eu estou, dando gritinhos e falando sozinho coisas que não existem e assobiando no tom mais agudo e chato possível. É como ter uma criança mongol em casa e ter que cuidar pra ela não botar fogo nas cortinas. Mas infelizmente ele é muito mão-de-vaca pra botar fogo nas cortinas sagradas, que devem durar até a próxima encarnação, "pois ainda estão boas", mesmo rasgadas, remendadas e horríveis. Tal qual seu dono.

Porra, isso é nojento e infinitas vezes doentio.

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