quarta-feira, março 26, 2003

Estava lendo um artigo interessante sobre a desigualdade humana perante a lei. Apesar da ciência já ter derrubado o tabu de diferenciação por raças, de sabermos que geneticamente somos iguais, não havendo distinção através de cor de pele, ainda há os que pensam deste modo preconceituoso e errôneo.

Nossos políticos insistem na idéia de que há raças, quando raça é um termo usado pra definir apenas marca de cachorro, porra!
Onde esse mundo vai parar? Ficam com esse remorso tardio pela escravidão dos negros e de algum modo, acham que devem quitar uma dívida que não mais faz sentido. A escravidão é passado. Nossa sociedade hoje, não distingüe a pobreza por cor de pele. Há negros e brancos passando fome. E impor quotas para reinserir uma parcela da população na sociedade, é usar do mesmo artifício racista que já manchou-nos o passado.

Que idéia estúpida! Querem dividir a sociedade em segmentos que não fazem sentido algum. Nosso país principalmente, é característico pelas misturas entre pessoas de origens tão distintas, do europeu ao indígena, ao africano e ao alemão. Não existe ninguém 100% branco ou 100% negro. É idiota querer afirmar que somos diferentes após este tabu ser desmistificado com provas científicas.

Hoje, necessitamos de melhorias na educação de base, de melhorias na saúde pública, de atitudes governamentais benéficas a todos os cidadãos, que faça juz aos impostos pagos. Não precisamos de novos racismos baseados no pensamento restrito. Não é por ser branca e estar insegura quanto à minha vaga na faculdade pública. É por ver a falta de ceticismo nas pessoas que constituem as leis de nosso país.

Enquanto deficientes aguardam melhorias para sua locomoção ao ir trabalhar, enquanto crianças saem das escolas assassinando a gramática, faltando moradia e alimentação para tanta gente, que não é desfavorecida apenas pela cor de sua pele, ficam querendo inventar moda folclorizando o cidadão de acordo com suas origens.

É ridículo pensar que, a imposição de quotas para negros favorecerá alguma coisa. É bem provável que o negro que entrar na faculdade através de sua quota assegurada pela lei, e não por merecimento, e não por capacidade intelectual verdadeira, estará tomando o lugar daqueles que, independente de sua origem sócio-cultural, provaram estar aptos para a vaga não-quotizada através de um vestibular.
Se as quotas forem garantia de vagas para este segmento definido por cor (o que já será outro problema, sendo que, você pode ser branco tendo avós negros e exigir sua participação como negro, se assim lhe convier), é possível que haja evasão escolar desnecessária, já que, as faculdades não deverão regredir para que os menos capacitados possam acompanhar. Certo preparo para a vida acadêmica é necessário e, nem todo o negro vindo da política de quotas estará apto para isso, sejamos realistas.

A periferia não é apenas de negros e nem todo negro é pobre e ignorante. Há nordestinos, brancos, negros, mulatos, paraguaios e outros seres exóticos que são tão humanos como você. Todos somos iguais organicamente. Todos temos senso crítico e capacidade intelectual. Temos um cérebro para usá-lo e não para ler a revista Contigo. Perante a lei, não deveria ser diferente.

Acho que, ao invés de ficarem inventando moda para novamente segmentar uma sociedade que não possui espaço para este tipo de tabu, devemos pensar no que é realmente prioridade.
Senão, em breve haverá quotas para os orientais também, e assim, ressuscitaremos a idéia pré-cambriana e antiquada de que somos diferentes e o mundo é quadrado, quando o que muda, é apenas o formato do olho, o cabelo e o bronzeamento. Isso não influi na capacidade do indivíduo, mas há ainda quem defenda o contrário.

O governo deveria pensar em coisas mais importantes, me poupe! Enquanto o próprio povo não se der conta desta bobagem que fazem ao se auto-excluir do convívio geral, por se sentir uma parcela minoritária e injustiçada por coisas que não mais têm sentido ou finalidade prática, não evoluiremos.
O mundo já é competitivo o bastante, para todos, sem distinções.
Ao invés de ler a revista Capricho, que ensinem os jovens a pensar! Que façam juz à nação em que vivem e com a qual devemos contribuir.

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