quinta-feira, agosto 21, 2003

Come, come, come into my life, come, come, stay with me, NOBODY LOOOOOVES ME! NOBODY LOVES ME NOW!

Agradecimentos frenéticos e eternos para os comentários deste post estão no post abaixo. Fregueses, obrigada! Amo vocês!!! Beijo grande no coração!!! Como diria o Fábio Júnior em sua barraca de laranjas...

Ao som de Gala, eis que faço mais uma aparição mística a vocês, leitores.
Estou deprimida. Eu quero um psiquiatra que me dope e me entupa de anti-depressivos.
Eu não consigo ter respeito pelo meu pai, já que ele não o tem por mim.
Exemplo de nossos diálogos:

Eu: - Preciso de um livro de informática pra poder estudar pra prova.
Ele: - Você já tem um monte e não lê.
- Eu não leio? Sou eu quem não lê aqui? (Ele compra milhares de livros de auto-ajuda, nunca leu um inteiro e continua um loser. Passa o dia todo deitado no sofá tirando meleca do nariz e não faz nada de glorioso.)
- Eu não tenho tempo.
- Você passa o dia todo deitado nesse sofá, como está fazendo agora. E tem coragem de dizer que não tem tempo? Tempo é o que você mais tem.
- Mas eu tenho que lavar as louças. Eu andei hoje enquanto você dormia.
- E daí? É só isso que ocupa seu dia? Você fica o dia todo nessa bosta de sofá e não tem tempo. Está bem.

E continuei almoçando e temperando a comida sem gosto com minhas lágrimas.
Eu sempre digo qual minha preferência e ele sempre traz meu almoço, com o oposto do que eu gosto.
Aí ele diz:
- Você não gosta de carne, nem de massa, nem de feijão, nem de peixe, nem de frango.
E todos os dias ele traz frango e carne, e coisas sem sabor.
Aí eu falo:
- Todo esse tempo e você continua sem saber minhas preferências. Como se você ligasse...
- Você não tem gostos, você tem manias (e mais alguma coisa pejorativa qualquer).

Este é meu pai.
O velho sem vergonha que manda o lençol transparente de tão gasto pra remendar no alfaiate.
Este é o meu pai. O cara que sempre, sempre vai olhar pra mim e dizer que sou vagabunda, que não tenho gostos, porque ele simplesmente não se importa em saber. Ele não se importa em saber se eu sou um ser humano dotado de sentimentos, já que ele não é. Basta trazer a ração diária, me entupir com alguma ração qualquer e pronto, está cumprida sua missão.
Isso é ser pai? I don't think so.

O cara que sempre vai usar os outros como parâmetro, embora nunca se olhe no espelho.
O cara que nunca vai perceber que ele é o único responsável pela bosta que ele é hoje.
O cara que fala sozinho, grita pela casa dizendo palavras inexistentes como um louco possesso, embora seja um cão manso.
O cara que me sustenta, embora a contragosto. Dá apenas o essencial. Não se importa comigo além disso, sou um peso o qual ele quer tirar das costas logo, e faz questão de dizer isso.
O cara que não me faz acreditar que existe amor, porque não sabe demonstrar. Ele deve ter nojo de mim. Mas eu tenho nojo dele. Tenho nojo, asco, horror.
O cara que escreve diário até hoje, com 67 anos, e sempre anota quantas punhetas bateu por dia.
Ele é cheio de manias insanas, nunca bota a orelha em telefones públicos ou mesmo no meu aparelho. Ele tem seu telefone e ninguém põe a mão.
Não tenho vontade de dar um presente a ele, pois sei que ele nunca vai usar. Ele vai guardar pra uma "ocasião especial", que nunca vai aparecer.
Ele deixa sempre pra depois. E me deixou pra depois também.
Agora é tarde.

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