quinta-feira, junho 03, 2004

Odeio meu pai.

Qual o bicho que vive no lixo e sempre está cercado dele? Ratos. E baratas também.
Pois meu pai é um misto dos dois.
Eu tranco meu quarto pra ele não entrar e não mexer nas minhas coisas. E ele entra mesmo assim. Ontem joguei fora minhas revistas Info velhas e dividi elas em dois sacos de lixo. Um joguei fora e outro deixei no meu quarto pra jogar depois. Pois o meu pai adora lixo, e sempre sente-se atraído pelo conteúdo de sacos plásticos pretos. Chego em casa e o desgraçado já tinha fuçado, e não tinha praticamente mais revistas lá.
Pra um sujeito que fazia coleção de jornais velhos, esperando ter "tempo pra ler um dia", jornal de até dois, três anos atrás, não posso esperar nada além de novas e velhas manias cretinas.
Ele nunca respeita, nunca respeitou e jamais respeitará a privacidade de ninguém. Como ele não tem vida, ele tenta se meter na dos outros.
Eu não consigo deixar de odiá-lo! Ele só faz merda, só faz coisas pra me magoar, irritar.
Há 23 anos só tenho promessas não cumpridas e mentiras dele. Por mais que eu saiba que nada posso esperar dele, ainda assim me decepciono todos os dias.
Tudo o que eu queria era uma família de gente normal. Pais que não fuçam o lixo, não falam sozinhos, não emporcalham todas as coisas e a vida dos filhos.

Pois eu tinha esperanças de ir hoje ao cinema, já que acordei cedo e poderia pegar a última sessão de Ser e ter. Mas não tenho um puto na minha carteira e duvido muito que o maldito me dê mais que 1 real. Ele usa um saquinho plástico nojento no bolso pra guardar o dinheiro. E sempre que eu preciso de algum dinheiro ele me dá esmolas, por pura pão-durice.

Não tem como não detestá-lo.
Vou ter que juntar algum dinheiro pra trocar a fechadura do meu maldito quarto.
Acordei com os olhos inchados de tanto chorar ontem de noite. Me sinto e pareço horrível. Como se eu precisasse de mais esse fator.

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