domingo, julho 04, 2004

Lipoaspirando o cérebro.

Dias atrás tive uma crise depressiva já quase superada e senti que meu sistema imunológico também sofreu conseqüências. Chorei tanto que ouvia meu pulmão chiando. Isso nunca aconteceu. A não ser quando tinha bronquite, claro. Estou com o nariz entupido (só do lado direito), e quando desentope resseca demais a mucosa e arde. Como tenho todas as alergias respiratórias possíveis, imagino que seja por causa do convívio com as famílias de ácaros bem acomodadas no meu quarto. Marquei acupuntura pra quarta-feira e pretendo marcar psiquiatra também.
O engraçado é que meu blog sempre me serviu como um meio de aliviar tudo isso e botar pra fora o que sinto, já que não tenho terapeuta e anti-depressivos em meu convívio. Era meu modo de sobreviver a essas crises e tristezas e dessa vez não tive nem forças e nem vontade pra ligar o HAL e digitar. Madrugadas sem conseguir dormir e tendo crises de choro sem que conseguisse controlar, só tendo forças pra ir no banheiro pegar um novo rolo de papel higiênico pra enxugar o nariz e as lágrimas. Aí fui ver a lua, que estava bonita, e tentei me convencer que ficar com os olhos inchados parecendo um peixe no dia seguinte não seria bom, mas não funcionou.

Meu pai continua o mesmo babaca, cada dia pior, sempre desrespeitando meu espaço, sempre invadindo meu quarto e mexendo em minhas coisas, mesmo quando eu saio e deixo meu quarto trancado. Ele destranca, mexe em tudo e tranca novamente, como se eu não fosse perceber que ele guardou minhas roupas no armário desorganizando tudo que estava separado por categorias. Não satisfeito com a zona que fez no meu armário, levou também pra cozinha um pote plástico que fica em cima do meu vídeo e onde eu tento fazer que existam doces.
Ele mexe em TUDO! Tudo! Não tenho privacidade e nem direito a ter minhas coisas do meu modo, é horrível.

Antes disso fui numa loja de cds baratos com JP na sexta e fiz a merda de lembrar-me dele quando vi um cd que ele queria. Não devia ter comprado cd nenhum, já que ele só tem gestos cretinos comigo (meu pai e não o JP). Após dar o presente, abro meu armário e me deparo com a novidade, da puta zona que ele aprontou nas minhas roupas. Já tinha transcendido o ódio, o desespero e a desesperança um dia antes. Um desgosto a mais, um a menos... todos os dias são assim.

Hoje fiz a prova do concurso do MPU, pra qual estava estudando nos últimos dias. Só que eu não estudei nem metade do que deveria e acho que só com milagre mesmo.
Tudo isso me deixou muito tensa nas últimas semanas, porque não me sai da cabeça que eu realmente PRECISO desse emprego e de uma remuneração desse naipe pra resolver meus problemas atuais e me sentir meio gente depois de passar por isso por todos esses anos. De modo claro, desde criança tive o intenso desejo de morar sozinha. Sei que ainda demora, de modo que eu me contentaria com alguma dignidadezinha, como poder pagar o meu almoço no final de semana ao invés de ficar extorquindo meu namorado (eu detesto que ele pague meu almoço, meu cinema, meu plano de saúde). E trocar a fechadura do meu quarto, sem dúvida.

Tomo banho e me sinto o Wooky de tão peluda que estou, porque nunca tenho dinheiro pra me depilar, pra fazer as unhas, pra comprar uma calça jeans nova quando jogo uma ultra-velha-desgastada-roída-incendiada no lixo. Me sinto mais gorda que o próprio Rei Momo em dias de majestade no carnaval. Fico em casa engordando, com uma auto-estima debaixo dos tacos de madeira do piso e tudo isso me faz muito mal e me sinto um lixo. Sou do sexo feminino apenas na certidão de nascimento mesmo, porque não me sinto no direito de ter caprichos e essas pequenas vaidades femininas que são importantes. Mas sempre foi assim. Na 7ª série eu não podia usar bermudas no verão como minhas amigas, porque zoavam com minhas pernas peludas, além de eu não ter muitas opções de roupas (tive que cortar uma calça jeans velha pra improvisar uma bermuda na época). Me sinto um macaco de circo.

Sinto que alguma coisa mudou em mim nos últimos dias, como se algo tivesse morrido definitivamente, mas talvez seja só o estado alérgico que deve ser uma rinite.
Como se a esperança tivesse ído embora de mim e fosse pro sertão da Paraíba rodar bolsinha.

Talvez tudo possa parecer fútil aos olhos de quem não me conhece ou lê meu blog pelas primeiras vezes (se bem que eu duvido que alguém tenha paciência e interesse o bastante pra isso), mas realmente é muito difícil você simplesmente abdicar de sua essência por toda a vida porque vive com pessoas incapazes de compreenderem e incapazes de te olharem e perceberem que você tem alma.
Eu gostaria de ter um espírito manso e conformista, de modo a me acostumar e parar de sofrer e me destruir com essas coisas, mas eu jamais consegui me desvencilhar desses sentimentos e isso não é novidade alguma. Só que eu já estou bem crescidinha e já deveria ter superado isso de vez, embora o convívio desgastante aqui em casa não me deixe brechas pra um respiro. Talvez uma medicação seja um alívio imediato ou um coadjuvante nessa lenga-lenga que é minha vida.

Eu preciso muito achar um ponto de equilíbrio, de modo a dar um rumo à minha vida e conseguir realizar mais, me permitir sonhos novamente e me livrar desses laços de inércia e apatia que me prendem junto com esses sentimentos negativos da depressão.
O que mais dói é quando você cresce tendo demonstrações explícitas de que você "não tem direito a sonhos" e ao sucesso porque seus pais não tiveram e não possuem estes interesses pelas novidades como você, ou mesmo ambições de fazer planos, mesmo que bobos, mas tão significativos pra dar um sentido à tudo isso.

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Encerrando um pouco o lado ruim da história (talvez acentuado pela pressão psicológica da iminência da prova de hoje), recebi os cds que a Leni gravou pra mim, os cds do Belle and Sebastian que o Juca me mandou de presente e o livrinho da Aline e seus dois namorados, que estavam na minha wish list, fazendo com que ele tivesse essa resolução de me enviá-los. Eu adorei e fiquei muito feliz com a surpresa. Fiquei meio pasma, confesso.

A Bi veio me visitar na sexta-feira com a Jackie O. e pude conversar um pouco sobre toda essa bagunça. É sempre bom ter ela por perto.
Me enchi de paçoca e tentei pedalar alguns dias durante a semana passada também.

Quinta-feira passada jantei com o JP e na sexta fomos ver Matadores de velhinhas, embora eu não estivesse nada entusiasmada pra ver esse filme. Queria mesmo era ver Harry Potter, que ele já havia prometido há muito mais tempo. Provavelmente irei ver sozinha durante a semana se eu conseguir arrumar alguns trocados. Carteirinha de estudante salva.

Hoje assisti novamente O homem que copiava com JP e tentei assistir O gato, que eu já queria ver desde que ele estava em cartaz (e já faz um booommm tempo). Se o sono não me vencer (acordei antes das 7hs hoje por causa da prova), tentarei assistir antes de dormir, já que tenho que devolvê-la na locadora amanhã.

Sábado joguei na mega-sena e só fiz dois pontos.
Preciso tentar novamente. Vou ganhar.
Eu penso positivo, estão vendo? Minha natureza é assim.

E a vida continua. Por enquanto pelo menos.

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